DESGRAÇAS & AFINS Não dá mais pra ligar a TV e assistir àquele bando de pobres resmungado das enchentes. Eles se passam por vítimas e os jornais vão lá entrevistar eles, só porque perderam a casa. Ora, se um sujeito vai morar debaixo de uma pedra que é sustentada por terra, aguardando o dia em que chova e a pedra amasse a merda da casa dele, ele passa de vítima a cúmplice. A vítima é o cachorro que morre amarrado ao poste. Uma vez houve uma enchente em uma cidade. Vários pobres perderam as casas. A prefeitura fez casas novas mobiliadas em cima da colina para eles. Eles se mudaram, mas logo logo voltaram pra baixada, para na próxima enchente perder tudo de novo. Porque isso? Para ganhar mobília nova outra vez. Pobre é assim: gosta de desgraça. O negócio é parar de ajudar eles e começar a ignorar esses acidentes. Quer outro exemplo: o reveillón do Rio. Ano passado os fogos estavam na praia, os pobres podiam se amontoar pra acontecer o que aconteceu: 1 morto e 49 feridos. Esse ano os fogos foram lançados do mar, o espetáculo foi o mesmo, mas todos reclamaram e isso gerou polêmica. Por que? Porque estava muito seguro e eles tinha certeza de que ninguém iria morrer ali. Não tinha como se aglomerar no mar. Festa de São João, Carnaval, show de pagode, discurso de político, jogo de vôlei... tudo na mesma linha de que para alguns se divertirem, outros têm de sofrer. Chama-se equilíbrio da aura populacional isso. 100% das pessoas não podem ficar felizes. Nem 100% tristes. O certo é 30% ficar 70% felizes pras outras 70% ficarem 30% tristes. Claro, especulando. Uma idéia mais próxima da realidade seria 5% perto dos 80%, com desvio padrão de 7,3%; 15% na casa dos 60-70% com DP de 1,4%; 28% em 30-50% com outros 4,5% e assim por diante, seguindo a lógica, sem esquecer dos últimos 10% entre 0-5% com DP variando de 2,3% a 3,4%. Dessa maneira construímos um singelo gráfico da felicidade das pessoas. O leitor poderia construir esse gráfico no bairro onde mora, expandindo depois para a vila e logo mais para a cidade toda. Ficaríamos gratos em receber os resultados. Em tempo: os argentinos não mereciam essa crise política pela qual estão passando. Não é justo. Eles já tem que conviver com a desgraça de serem argentinos, não merecem mais sofrimento. Augusto Leonardo