Ignorância: o mal do século Tenho pena dos aparelhos eletro-eletrônicos; eles sofrem demais. Deve ser difícil ser um aparelho desse tipo. As pessoas não estão preparadas para usá-los. Não sei como o governo permite que eles sejam vendidos livremente. Assim como carteira de motorista, as pessoas deveriam ter licensa e passar por um treinamento para manusear telefones, vídeo-cassetes, celulares, computadores, televisores e afins. Comecemos pelos relógios: aposto minhas botas como 70% das mulheres que usam relógios digitais não sabem sequer as funções deles. Não adianta o relógio ter um cronômetro regressivo; as pessoas preferem olhar que horas são, somar o tempo que querem e ficar olhando a cada 20s pro relógio pra ver quando passou o tempo. É pra evitar isso que existe a merda do cronômetro regressivo. Mas quem se importa? As pessoas compram o relógio por ele ser bonito, e jogam o manual fora (sim, eles vêm com manual junto). Vídeo cassete chega a ser covardia. O quê? Ele grava sozinho? Sim, ele grava o que você quiser sozinho. E dá pra assitir um programa enquanto eu gravo outro? Sim, isso também é possível. Mas peça para um proprietário programar seu aparelho e digo que mais de 80% fracassarão. Outros 5% conseguirão programar, mesmo sem saber que o vídeo deles necessita apenas de uma seqüência de números pra fazer a mesma coisa (sim, já existe isso). Televisão é coisa triste. Galvão Bueno e Sílvio Santos são exemplos de maus usuários. Celular chega a dar dó. Calculadora é de chorar. Rádio-relógio, microondas, liquidificador e aparelhos de som também estão na lista. O que acontece é que os aparelhos estão anos-luz à frente dos usuários. Os fabricantes ainda dão uma mão vendendo junto um papel que ensina como aproveitar todo o seu dinheiro, mas não adianta. Se eles colocassem uma fita de vídeo, quem sabe as pessoas veriam. Minha dica é que eles incluam com o aparelho um jogo tipo strip-poker, e sempre que o usuário responder corretamente uma pergunta de como usar o aparelho, uma boazuda tirasse uma parte da roupa. Pelo menos os homens aprenderiam a usá-los.