DIA DO ÍNDIO: QUEM SE IMPORTA? O ser humano tem várias manias, mas uma das que mais eu gosto é a de colocar no calendário, sem razão alguma, em uma data aleatória, um dia para comemorar certa coisa. Exemplos não faltam: dia do índio, dia da árvore, dia do vizinho, dia do carteiro, dia do trabalho e assim por diante. Se alguma coisa é tão importante para o ser humano como deveriam ser aquelas que merecem um dia, por que devemos lembrar-nos dela só em um dia definido? No caso do índio: 364 dias por ano (365 se for bissexto) o homem branco corta as árvores nas quais eles estão trepados; rouba seus cachimbos; diminui suas terras e fode com eles levando gonorréia e coisas do gênero para suas tribos. Aí então vem o dia do Índio: reportagens no Jornal Nacional mostrando os pequenos indiozinhos ranhentos, as índias com as tetas caídas de fora, presentes (como espelhos e bolas) são levados, e a cultura do índio (pela qual ningúem dá a mínima) vem à tona. Tudo isso para no dia seguinte uma gurizada ter a boa idéia de queimar alguém na rua, e escolher justo quem? o índio. No dia da árvore é praticamente a mesma coisa. É o único dia do ano que as pessoas (que viram na TV) se lembram da árvore. O dia do Trabalho também é muito bom, uma vez que é feriado. Logo as pessoas comemoram o dia do trabalho não trabalhando. Genial. Mas o dia do vizinho é o porta-bandeira dessa onda de idiotice. Por favor. Pessoas que não podem descer no mesmo elevador o ano inteiro, que ficam se jogando tocos de cigarro um no apartamento do outro, que fazem barulho após às 22h para o outro não dormir, que batem o pé forte no chão pra acordar o cara de baixo, que largam a descarga várias vezes pra atormentar o vizinho, que se chamam de filha da puta toda hora, que se processam na justiça, juntam-se, como se nada disso tivesse acontecido, e, o pior de tudo, comemoram. Assim não dá. (Augusto Leonardo)